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De Manning a Russell: 10 sucessos e fracassos entre primeiras escolhas do Draft da NFL

Eli Manning (San Diego Chargers, 2004) e JaMarcus Russell (Oakland Raiders, 2007) foram primeiras escolhas no Draft da NFL Getty Images

O Draft da NFL é cercado de grandes expectativas. A primeira escolha, em especial, é a mais badalada e comentada antes, durante e depois do evento. Em 2024, o Chicago Bears será o primeiro time a selecionar um novo talento vindo das universidades americanas e, ao que tudo indica, Caleb Williams deve ser o novo quarterback da equipe. E a primeira rodada terá cobertura pela ESPN no Star+, neste quinta-feira (25), a partir das 21h (de Brasília).

No entanto, ser o primeiro jogador a ser escolhido nem sempre significa sucesso na liga. O ESPN.com.br lista cinco nomes que tiveram carreiras de destaque após serem a primeira escolha em seus respectivos Drafts, e outros cinco atletas que, ou por lesões ou por dificuldades de adaptação à NFL, não deixaram saudades pelas franquias que atuaram.

(Conteúdo patrocinado por C6, Ford e Vivo)

SUCESSOS

2004 – Eli Manning, quarterback, San Diego Chargers

Eli Manning nasceu com um sobrenome a zelar. É filho do quarterback Archie Manning e irmão mais novo de Peyton Manning. Mesmo com toda a pressão em seus ombros, fez total jus ao estrelado legado da família. No nível universitário, jogou pela Ole Miss e, em quatro anos, acumulou 10 mil jardas aéres e 81 touchdowns, com apenas 35 interceptações.

Sua chegada aos profissionais foi tumultuada e com um momento icônico: Manning disse que se recusaria a jogar pelo San Diego Chargers (atual Los Angeles Charges), que detinham a primeira escolha e pretendiam draftá-lo. Com isso, Eli foi trocado para os Giants e o resto é história. Com o time de Nova Iorque, o quarterback foi duas vezes campeão e MVP do Super Bowl, além de ser eleito ao Pro Bowl quatro vezes. Ficou marcado por derrotar Tom Brady duas vezes na decisão, inclusive arruinando a temporada invicta do GOAT em uma oportunidade.

2009 – Matthew Stafford, quarterback, Detroit Lions

Matthew Stafford demonstrou muito potencial enquanto jogava pela universidade da Georgia. O que mais saltava aos olhos era seu braço incrivelmente forte, e a precisão que acompanhava isso. No nível universitário, teve performances brilhantes, acumulando 7 mil jardas aéreas e 51 touchdowns em apenas três anos.

Esse desempenho foi recompensado pelo Detroit Lions, que não só o selecionou como a primeira escolha do draft, como assinou o que, na época, era um contrato recorde na NFL. Com o time de Michigan, Stafford se tornou ídolo, jogando até 2020 e somando atuações históricas, sendo eleito Comeback Player of the Year em 2011, com incríveis 5 mil jardas aéreas e 41 touchdowns passados. Após a passagem histórica, foi trocado com o Los Angeles Rams, onde finalmente foi campeão do Super Bowl, em 2021.

2011 – Cam Newton, quarterback, Carolina Panthers

Cam Newton foi selecionado como primeira escolha do draft por um simples motivo: o quarterback teve uma das melhores carreiras universitárias da história do futebol americano. Além de ser eleito o melhor jogador da temporada em 2010, quando foi campeão, juntou estatísticas verdadeiramente invejáveis. Em quatro anos, foram 5.741 jardas aéreas, 2.241 terrestres, com 52 touchdowns pelo ar e outros 40 com as pernas.

Na sua temporada de calouro pelos Panthers, Newton quebrou o recorde de mais touchdowns corridos por um quaterback em sua primeira temporada, além de ser eleito o calouro do ano. Continuou a boa fase em 2015, quando foi eleito o MVP e chegou até o Super Bowl, perdendo para o Denver Broncos. Cam ainda jogaria pelos Patriots, antes de uma segunda passagem pelo time que o draftou. No total, em 11 temporadas, acumulou 32 mil jardas passadas, 194 touchdowns pelo ar, complementando com 5 mil jardas corridas e 75 touchdowns com as pernas.

2012 – Andrew Luck, quarterback, Indianapolis Colts

Andrew Luck recebeu elogios como poucos na história ao entrar o draft da NFL. Era visto por analistas como uma das promessas mais completas que já havia entrado na liga. E os Colts, que sentiam que o fim da carreira do ídolo Payton Manning se aproximava, aproveitaram a oportunidade e selecionaram seu craque do futuro.

E Luck correspondeu em campo, quando pode. Sua carreira foi marcada por problemas na linha ofensiva, o que levavam a muitas colisões e, por consequência, lesões. Entretanto, quando pôde estar em campo, ele brilhou. Em sete temporadas, Luck acumulou 23.671 jardas aéreas, acompanhadas de 171 touchdowns e apenas 83 interceptações. Andrew anunciou sua surpreendente aposentadoria apenas duas semanas antes do começo da temporada.

2005 – Alex Smith, quarterback, San Francisco 49ers

Alex Smith chegou ao draft com muita pompa, após brilhar pela Universidade de Utah, ganhando 21 jogos e perdendo apenas um, com estatísticas invejáveis de 5 mil jardas aéreas, 47 touchdowns passados e apenas 8 interceptações em três anos. Isso foi o suficiente para que o San Francisco 49ers desse a ele uma chance como a primeira escolha do draft.

Smith teve uma longa carreira com os 49ers, com boas estatísticas, mas pouco sucesso na pós-temporada – o Super Bowl só chegou após sua saída. Entretanto, em seu próximo time, teve uma de suas passagens mais marcantes. No Kansas City Chiefs, brilhou com boas estatísticas, mas também teve a honra de ser um dos mentores de Patrick Mahomes, servindo como guia e jogador de transição antes do domínio do sucessor.

Seria nos Redskins seu momento de mais notoriedade na NFL. Em 2018, sofreu uma lesão horrorosa, quebrando a perna ao sofrer um sack de dois jogadores ao mesmo tempo. A lesão era muito parecida com a que acabou a carreira do quarterback histórico Joe Theismann, que inclusive estava presente e viu a lesão de Smith. Após cirurgias, quase teve que amputar a perna, mas foi capaz de voltar aos campos dois anos depois, contra o Los Angeles Rams, em 2020. Com isso, ganhou o Comeback Player of the year para depois anunciar a aposentadoria.

FRACASSOS

2007 – JaMarcus Russell, quarterback, Oakland Raiders

JaMarcus Russell não só é a maior decepção dessa lista, como é considerado por muitos analistas como a maior da história da NFL. Ele saiu da faculdade LSU, onde foi campeão nacional. Apesar de nunca ter recebido o prêmio de melhor jogador, atraiu muita atenção devido a seus incríveis atributos físicos, com 1,98m de altura e um braço assustadoramente forte.

Sua decepção nos profissionais é mais comumente expressada por uma, agora folclórica, história em que Russell teria recebido um DVD de seu técnico com jogadas, para ele estudar e aprender. No dia seguinte, o treinador teria perguntado de quais jogadas o quartbeack mais havia gostado, e ele, prontamente, respondeu que eram todas, que era só executar. O DVD estava em branco. Ficção ou não, a realidade é que a carreira dele foi consideravelmente ruim, com apenas 4 mil jardas, 18 touchdowns e 23 interceptações em 3 anos com o Oakland Raiders.

2002 – David Carr, quarterback, Houston Texans

David Carr sempre será um nome marcado na história da NFL por ter sido a primeira escolha da história do Houston Texans, que havia acabado de se estabelecer como uma franquia de expansão. Além disso, é irmão mais velho do também quarterback Derek Carr. Tendo sido um destaque em nível universitário, com incrívei 7 mil jardas e 65 touchdowns aéreos em quatro anos, ele tinha tudo para ser uma estrela nos profissionais.

Mas a realidade foi mais dura. Justamente um dos seus maiores motivos de fama, ser a primeira escolha da história de uma franquia, foi o motivo da sua queda. Com o Houston Texans ainda em formação, e com peças fraquíssimas, Carr tinha pouco apoio na equipe, principalmente na linha ofensiva. Em seu primeiro ano, recebeu 76 sacks, um recorde que ainda está de pé na NFL. Com isso, o quarterback desenvolveu maus hábitos e nunca teve uma chance de evoluir positivamente. Como reserva, entretanto, conseguiu ser campeão do Super Bowl XLVI, com o New York Giants.

2000 – Courtney Brown, defensive end, Cleveland Browns

Courtney Brown foi a primeira escolha de draft do novo milênio na NFL, e, infelizmente, deixou um péssimo exemplo para as subsequentes. Draftado pela franquia de Cleveland, ele teve uma carreira universitária dominante, sendo considerado um dos melhores defensores da nação e concorrendo a diversos prêmios. Estabeleceu, inclusive, um novo recorde, com 33 sacks e 70 tackles que forçam perda de jardas na sua carreira.

Brown foi somente o 11º defensive end, até então, a ser selecionado com a primeira escolha. De início, até parecia que corresponderia às expectaticas, com um ano de calouro produtivo. Entretanto, em seu segundo ano, quando conseguiu a impressionante estatística de 4,5 sacks em 5 jogos, sofreu uma lesão grave. No restante da sua carreira de apenas seis anos, sempre batalhou com lesões e, por isso, não foi capaz de ter uma boa produção em campo.

2010 – Sam Bradford, quaterback, Saint Louis Rams

Sam Bradford, como muitos outros dessa lista, chegou a NFL rodeado de expectativa, principalmente após ser eleito o melhor jogado universitário em 2008. Em três temporadas, acumulou incríveis 8 mil jardas aéreas e 88 touchdowns passados. Essas estatísticas incríveis o levaram a ser draftado com a primeira escolha pelos Rams.

E, de início, tudo pareceu bem, com o quaterback sendo eleito o calouro do ano logo de cara. Entretanto, o começo brilhante seria o auge de Bradford que, sempre batalhando com lesões, teve performances pouco inspiradas no restante da carreira. Sempre com a expectativa de dar um salto em direção a grandeza, Sam não saiu do lugar e, após jogar por Eagles, Vikings e Cardinals, deixou a NFL após apenas oito anos.

2015 – Jameis Winston, quarterback, Tampa Bay Buccaneers

Jameis Winston chegou à NFL com muita expectativa, tendo sido eleito o melhor jogador de futebol americano universitário em 2013. Entretanto, suas maiores características positivas, como a coragem e a capacidade de conseguir longos arremessos, também levaram a seus principais defeitos, sofrendo com interceptações ao longo de sua carreira.

O nome do jogo para Winston, então, foi inconsistência. Isso tudo foi bem demonstrado em sua última temporada no Tampa Bay Buccaneers, em 2019, quando o quarterback eclipsou a folclórica marca de 30 touchdowns e 30 interceptações. Infelizmente para Jameis, seus momentos ruins nunca permitiram que seus instantes de brilhantismo valessem a pena. Assim, ele deixou os Bucs, sofreu ao lutar por uma vaga de titular nos Saints e agora defende os Browns.