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Mais receitas, menos patrocínios e redução de investimento no Brasileiro feminino: as finanças da CBF com Ednaldo

Troféus do Campeonato Brasileiro em frente à sede da CBF, no Rio de Janeiro Lucas Figueiredo/CBF

Só o Flamengo, entre os clubes brasileiros, fatura mais que a CBF.

A Confederação Brasileira de Futebol divulgou seu balanço financeiro relativo a 2023 com uma receita recorde de R$ 1,171 bilhão.

Esse valor representa um forte crescimento em relação a 2021, quando Ednaldo Rodrigues assumiu a presidência da entidade, já no final de agosto.

Em 2021, a CBF faturou R$ 869 milhões.

O superávit também aumentou, passando de R$ 69 milhões em 2021 para R$ 238 milhões em 2023, provocado pelo aumento de receitas e também pela diminuição em gastos administrativos e com salários.

Mas nem tudo é motivo para comemoração nas contas da CBF sob o comando de Ednaldo.

Com resultados medíocres da seleção brasileira principal, a receita de patrocínios caiu.

Em 2021, quando o dirigente comandou a CBF por apenas quatro meses, a entidade faturou R$ 575,7 milhões com patrocínios. No ano seguinte (com Copa do Mundo), o valor caiu para R$ 567 milhões. Em 2023, foi para R$ 528 milhões.

Apenas pela aplicação do IPCA, um dos índices de inflação do país, a receita com patrocínios deveria passar dos R$ 575,7 milhões de 2021 para R$ 641,5 milhões no ano passado.

Com Ednaldo, o gasto no Brasileiro feminino também diminuiu, segundo o balanço da entidade.

Na temporada 2020, toda sem o atual presidente, foram gastos R$ 23,9 milhões na competição. No ano seguinte, com só quatro meses de Ednaldo, o valor passou para R$ 27 milhões.

Agora, em 2023, ficou em R$ 23 milhões.

A redução de gastos em outras competições não aconteceu.

Em 2021, a CBF gastou R$ 66,7 milhões com a Série D, a quarta divisão do futebol masculino. No ano passado, o valor subiu para R$ 85 milhões, ou praticamente quatro vezes o valor gasto com o Brasileiro feminino.

Após a publicação deste texto, a CBF entrou em contato com o blog para dar outros números sobre o investimento no futebol feminino, além do Campeonato Brasileiro (o que consta no balanço). Na íntegra aqui a nota da entidade.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) esclarece que os números apresentados na reportagem da ESPN Brasil não estão corretos. Em 2022, a entidade investiu R$ 27,6 milhões nos campeonatos femininos, incluindo o Brasileiro sub 20 e sub 17, o Brasileiro principal e a Supercopa Feminina. No ano seguinte, o valor se manteve estável, na casa dos R$ 27,5 milhões.

Considerando apenas o Campeonato Brasileiro, os investimentos foram de R$ 26,7 milhões e R$ 25,8 milhões em 2022 e 2023, respectivamente.

Ainda, em fevereiro passado, a CBF anunciou investimento recorde no Brasileiro feminino A1 de 2024, com a destinação de R$ 25 milhões para a realização da competição. Além disso, as cotas dos clubes também foram reajustadas, de R$ 30 mil pela participação no torneio para R$ 300 mil. Na segunda fase, os oito clubes classificados receberão R$ 100 mil cada, ante os R$ 35 mil vigentes até o ano passado. A premiação vai alcançar R$ 2,3 milhões este ano.

A CBF também aumentou os gastos com a Seleção feminina. Em 2023, foram investidos R$ 58,3 milhões, 22% a mais na comparação com o ano anterior. Somando 2022 e 2023, foram destinados mais de R$ 106 milhões para o time principal, com o objetivo de desenvolver o futebol feminino no país e dar melhores condições à equipe de disputar a Copa do Mundo de 2027, para o qual o Brasil é candidato a sede, graças aos esforços da entidade nos últimos anos.

A confederação reitera que o desenvolvimento do futebol feminino brasileiro é uma das bandeiras prioritárias da atual gestão e os investimentos têm crescido ano a ano, bem como a profissionalização da realização dos campeonatos.